segunda-feira, 5 de outubro de 2009

PRESENÇA


É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas,

teu perfil exato e que,apenas, levemente, o vento

das horas ponha um fremito em teus cabelos...


É preciso que tua ausência frescale sutilmente,

no ar, a trevo machucado, as folhas de alecrim desde há

muito guardadas não se sabe por quem nalgum móvel antigo...


Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela e

respirar-te, azul e luminosa, no ar.


É preciso a saudade para eu sentir como sinto -em mim-

a presença misteriosa da vida...


Mas quando surges és tão outra e multipla e imprevista que

nunca te pareces com o teu retrato...


Eu tenho que fechar meus olhos para ver-te.

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